Preparar-se seria inútil. Partidas são inevitáveis, e a preparação adequada ainda não foi desvendada pelas mais sérias correntes científicas ou filosóficas. “Agora vai”, não tem jeito, é quase um parto, não tem volta. Não partir não pode ser uma opção. E a certeza de que tudo valeu a pena por ora não acalenta, faz doer ainda mais.
“A indesejada das gentes”, caro Bandeira, não é outra senão a despedida, e não a morte, onde um dos participantes não sofre mais. Quantas vezes serão necessárias para acostumar-se às partidas? Todas. A saudade não permite ensaio, não admite experiência prévia, e se renovará a cada vez.
O tempo, senhor absoluto na arte da cura dos padecimentos da alma, ao mesmo tempo em que ameniza a dor das partidas, nos dá o prazer das novas chegadas, que um dia também partirão. E é assim que funciona o que se convencionou chamar de vida, a qual na marra nos faz reconhecer que a única coisa que realmente importa são as pessoas, e mesmo elas, um dia vão embora. Que diremos das outras coisas, tão mais provisórias?
“Tem
gente que chega pra ficar, tem gente que vai pra nunca mais...e assim chegar e
partir: são só dois lados da mesma viagem. O trem que chega é o mesmo trem da
partida. A hora do encontro é também despedida. A plataforma dessa estação é a
vida” (Milton Nascimento)
2 comentários:
Pedrão, vê-se em seus textos cada vez mais identidade. Mesmo abordando uma temática filosófica, atenta-se a uma semântica correta e um fluir fácil e poético.
Quanto à saudade. Está.
Não gosto de partidas, despedidas...
me faz sofrer! Mais é a vida ....
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