domingo, 12 de agosto de 2012

Lições Olímpicas


Pois bem, os Jogos Olímpicos de Londres chegaram ao fim. Esqueçamos o quadro de medalhas, se o usarmos como instrumento de análise, teremos de lançar mão a várias variáveis e um turbilhão de explicações/subterfúgios possíveis não vão ajudar a mascaram o óbvio: que somos uma nação constituída em sua maioria por pessoas mentalmente desequilibradas (“pipoqueiros”, mesmo).
Os competidores brasileiros são apenas um reflexo de como age toda a nação em seu cotidiano. Culpá-los pelo fracasso é como xingar o cobrador do ônibus pelo preço da passagem ou pela qualidade da frota viária. Quantas vezes as equipes ou atletas brasileiros tiveram a chance de vencer, mas por um revés no meio da partida, não tiveram a capacidade de reverter a situação? Nossa capacidade de reação frente a adversidades é quase nula, só conseguimos nos dar bem quando a situação é extremamente favorável.
                
Alguém realmente acha que se o momento não fosse bom, Lula teria sido um bom governante? Qual a educação que ele recebeu para isso? (Veja, não estou falando sobre ter ou não ter ensino superior). Seja qual for a vocação de uma pessoa, seja ela a de liderança ou de conduzir bem uma bola de futebol, ela tem de ser amparada pelo bom desenvolvimento dos potenciais latentes do ser humano. Estou falando de atenção, concentração, inteligência (física, intelectual e EMOCIONAL), criatividade, entre tantos outros.
A educação tal qual a concebemos atualmente nas escolas está muito longe de nos ensinar essas coisas. E nem mesmo esta que aí está recebe os investimentos adequados.Para isso, há de se mudar urgentemente a noção de progresso que hoje está em voga. Conceito este que está intimamente atrelado ao poder financeiro e ao consumismo (é para isso que as pessoas se preparam: para saber aquilo que lhes dará mais dinheiro). De que adianta dizer agora que a maioria da população brasileira é pertencente a classe média, se o principal índice objetivo disso é o aumento estratosférico de pessoas obesas, sobretudo as crianças?
Colocar dinheiro na mão de pessoas mal-educadas (de acordo com o conceito supracitado, independente da classe social) é totalmente contraproducente. Quanto mais dinheiro, mais se gasta, e apenas com “bens” de consumo. O resultado é uma nação composta por famílias mal estruturadas, ora sem a mínima condição, nem para nutrir a prole, ora com filhos obesos, que literalmente cagam e andam para o que deve realmente ser feito, e que, no máximo, ajudam a manter nosso “status” de nação com mais horas por mês nas redes sociais (belo título, hein!).
                
Alias, como escreveu certa vez Carlos Heitor Cony: “Sem poupar a verdade, a honra alheia, a decência mínima que todo o cidadão deve cultivar, a internet está servindo como cloaca de ressentimentos, inveja, calúnias, impotência existencial, fracassos profissionais, constituindo-se numa mídia clandestina e irresponsável, onde vale tudo.” Certamente não é neste meio que encontraremos a educação necessária para mudar alguma coisa.
Não tenho dúvidas de que existem pessoas muito boas, que enxergam todo o cenário, mas como disse Martin Luther King: “Para que o mal vença, basta que as pessoas boas não façam nada” e o que eu vejo ao meu redor é exatamente isso, nem mais nem menos. Pessoas realmente boas, que dizem saber o que é certo fazer, mas não fazem nada. Daí, um ou outro posta uma charge (tem de ser charge, porque se for texto ninguém presta atenção) falando sobre alguma corrupção do governo no Facebook, e acha que está fazendo seu dever como cidadão, sem se dar conta de que ele mesmo já está corrompido há tempos. Não me excluo do contexto, mas estou tentando.

“Sou brasileiro, não desisto nunca” (?). Mal conseguimos reconhecer que a renúncia é um dos nossos maiores vícios. Entre atletas e obesos, se continuar do jeito que está, seguiremos "pipocando na missão".

Um comentário:

Anônimo disse...

Grande líder!

Nesse mundo onde as pessoas estão se tornando verdadeiros miseráveis, fica difícil imaginar um mundo melhor...

Seguidores

Quem sou eu

Médico da atenção básica de Sombrio - Santa Catarina. Escreve para o site da prefeitura, neste blog e eventualmente em outro veículos. Estuda filosofia. Toca violão e alguns outros instrumentos, nenhum verdadeiramente bem.