terça-feira, 16 de outubro de 2012

Aêêêê Castooor


Ontem acordei (noutra segunda-feira em que não havia a menor condição de ir ao hospital), desci as escadas da RRT, encontrei uma galera no sofá e perguntei: “E agora, o que falta acontecer?”
Botando as malas no carro há quase 6 anos, lá em São Paulo, era impossível prever o que viria nos próximos anos. Mais imprevisível ainda era imaginar a existência de uma tal de Real República Tcheca.
Ter a chance de ficar doente de tão bêbado todo santo final de semana na companhia dos moradores, ex-moradores, futuros moradores (?) e seus agregados, em minha opinião é a maior honra que uma pessoa afim de aproveitar a vida universitária poderia ter. Limites?! A gente definitivamente não vê por lá.
 É neguinho quase caindo da Kombi (transporte oficial da RRT; ESPERA-SE UM NOME DE BATISMO URGENTE!), tomando saideira de 5 litros em 3 pessoas, (depois de no mínimo 3 litros cada 1, e com uma festa em menos de 2 horas por vir) estropiando joelho no meio de festa e tendo que ser levado pra hospital, fazendo churrasco, tocando violão, pegando uma menina poucos minutos depois de ela estar aos prantos e ser ovacionado, tocando berrante às 2h da manhã...tudo num dia só. E se você visse, entre 200, uma foto na página da UOL com um cara mordendo uma menina na Oktoberfest, o que pensaria? “Esse aí é da safra RRT” é uma boa opção.
Sei lá que tipo de conjunção cósmica foi feita pra dar tão certo de tantas pessoas tão especiais fazerem parte de uma mesma casa. Pode também parecer um grande desastre, os vizinhos que o digam; o pessoal, entre outros, tem a mania de chegar bebaço de festas e como se não fosse o bastante, cantar (berrar) “Don’t let me down” na garagem, as 6h da manhã. Ossos do oficio.
                
Ao pensar na galera, lembro automaticamente de uma expressão que usamos muito, e sobre a qual um amigo certa vez escreveu. “Mano”:
Ao dizer “mano”, você está dizendo que tem uma relação sincera, fiel (mas que permite uns tropeços) e íntima com alguém. Intimidade que permite desde uma revelação bombástica sobre uma obscuridade até um peido sujo. E que permite rir disso tudo. O emprego de “mano” sugere uma amizade gigante, inseparável ou, pelo menos, muito difícil de romper. Amizade pautada em admiração constante, mesmo reconhecendo as manias, defeitos e trejeitos do outro. Implica respeito. Muito respeito. Vontade de estar junto e de aproveitar os momentos como se não houvesse eminentes compromissos chatos em seguida. Monotemas e pluritemas são de praxe. Uma relação que permite diferentes ritmos e algum grau de distanciamento físico, o que adiciona uma dose de energia efusiva no reencontro. É um compartilhar de alegrias, tristezas, entusiasmos e frustrações. Um fluxo de emoções fraternais múltiplas, sem nenhum laço consangüíneo. E é raro poder falar “mano” com todos esses significados juntos. Se existe esse privilégio... melhor aproveitar!
               
  Um dia a história dessa casa vai ser contada. Não por mim, pois a memória segue meio atrapalhada por fazer parte desta coisarada toda. Inclusive, num fim de semana, ou numa quarta feira, se você quiser um pouco de zueira, naquele lugar não tem bode nem tristeza, e cada um segue sua natureza. Mas leva um trocado, tá rolando engradado...

3 comentários:

Anônimo disse...

Aee Fumassa!

Grande texto, como de praxe.

Concordo que uma vez envolvido, fica difícil ver a coisa toda de fora, entretanto lhe garanto, que uma vez longe, a gente percebe o quanto tudo isso é especial.

Grande abraço meu velho!

Renan

Anônimo disse...

Ahhh, me emocionei lendo Fumaça!

Como é bom ser agregada dessa Real Republica Tcheca! :)

Maci.

Anônimo disse...

Aeeeeeee

Que honraaaaa de ser agregada e já ter andado nessa kombi doidaaaaa e ter berrado "Down let me down" junto!!!!!
ADORO VCS!!!

Adri

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Quem sou eu

Médico da atenção básica de Sombrio - Santa Catarina. Escreve para o site da prefeitura, neste blog e eventualmente em outro veículos. Estuda filosofia. Toca violão e alguns outros instrumentos, nenhum verdadeiramente bem.