Ontem acordei (noutra segunda-feira em que não havia a menor
condição de ir ao hospital), desci as escadas da RRT, encontrei uma galera no
sofá e perguntei: “E agora, o que falta acontecer?”
Botando
as malas no carro há quase 6 anos, lá em São Paulo, era impossível prever o que
viria nos próximos anos. Mais imprevisível ainda era imaginar a existência de
uma tal de Real República Tcheca.
Ter a
chance de ficar doente de tão bêbado todo santo final de semana na companhia
dos moradores, ex-moradores, futuros moradores (?) e seus agregados, em minha
opinião é a maior honra que uma pessoa afim de aproveitar a vida universitária
poderia ter. Limites?! A gente definitivamente não vê por lá.
É
neguinho quase caindo da Kombi (transporte oficial da RRT; ESPERA-SE UM NOME DE
BATISMO URGENTE!), tomando saideira de 5 litros em 3 pessoas, (depois de no
mínimo 3 litros cada 1, e com uma festa em menos de 2 horas por vir) estropiando
joelho no meio de festa e tendo que ser levado pra hospital, fazendo churrasco,
tocando violão, pegando uma menina poucos minutos depois de ela estar aos
prantos e ser ovacionado, tocando berrante às 2h da manhã...tudo num dia só. E se
você visse, entre 200, uma foto na página da UOL com um cara mordendo uma
menina na Oktoberfest, o que pensaria? “Esse aí é da safra RRT” é uma boa
opção.
Sei lá
que tipo de conjunção cósmica foi feita pra dar tão certo de tantas pessoas tão
especiais fazerem parte de uma mesma casa. Pode também parecer um grande
desastre, os vizinhos que o digam; o pessoal, entre outros, tem a mania de chegar
bebaço de festas e como se não fosse o bastante, cantar (berrar) “Don’t let me
down” na garagem, as 6h da manhã. Ossos do oficio.
Ao
pensar na galera, lembro automaticamente de uma expressão que usamos muito, e
sobre a qual um amigo certa vez escreveu. “Mano”:
Ao dizer “mano”, você está dizendo que tem uma
relação sincera, fiel (mas que permite uns tropeços) e íntima com alguém.
Intimidade que permite desde uma revelação bombástica sobre uma obscuridade até
um peido sujo. E que permite rir disso tudo. O emprego de “mano” sugere uma
amizade gigante, inseparável ou, pelo menos, muito difícil de romper. Amizade
pautada em admiração constante, mesmo reconhecendo as manias, defeitos e
trejeitos do outro. Implica respeito. Muito respeito. Vontade de estar junto e
de aproveitar os momentos como se não houvesse eminentes compromissos chatos em seguida. Monotemas
e pluritemas são de praxe. Uma relação que permite diferentes ritmos e algum
grau de distanciamento físico, o que adiciona uma dose de energia efusiva no reencontro.
É um compartilhar de alegrias, tristezas, entusiasmos e frustrações. Um fluxo
de emoções fraternais múltiplas, sem nenhum laço consangüíneo. E é raro poder
falar “mano” com todos esses significados juntos. Se existe esse privilégio...
melhor aproveitar!
Um dia
a história dessa casa vai ser contada. Não por mim, pois a memória segue meio atrapalhada
por fazer parte desta coisarada toda. Inclusive, num fim de semana, ou numa
quarta feira, se você quiser um pouco de zueira, naquele lugar não tem bode nem
tristeza, e cada um segue sua natureza. Mas leva um trocado, tá rolando
engradado...
3 comentários:
Aee Fumassa!
Grande texto, como de praxe.
Concordo que uma vez envolvido, fica difícil ver a coisa toda de fora, entretanto lhe garanto, que uma vez longe, a gente percebe o quanto tudo isso é especial.
Grande abraço meu velho!
Renan
Ahhh, me emocionei lendo Fumaça!
Como é bom ser agregada dessa Real Republica Tcheca! :)
Maci.
Aeeeeeee
Que honraaaaa de ser agregada e já ter andado nessa kombi doidaaaaa e ter berrado "Down let me down" junto!!!!!
ADORO VCS!!!
Adri
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