terça-feira, 18 de junho de 2013

Não serei poeta de um mundo caduco

Em meio aos agradecimentos, em minha apresentação do TCC, na semana retrasada:


 - ...Professor, se lembra da última vez em que conversamos, e que eu cheguei angustiado, vendo-me à beira da formatura, dizendo que tava tudo errado na sociedade, e que a minha geração, que está entrando aí pra tomar conta das coisas não vai mudar nada, e eu sozinho também não vou conseguir mudar nada? E então o senhor disse: “Pedro, eu to nessa luta há 40 anos. Você nem começou, e já vai desistir? É lutar que nos mantém vivos”. Então, professor, gostaria de dizer que eu vou lutar, e que este trabalho, mesmo cheio de imperfeições, smboliza pra mim o início desta luta. Quero, no dia em que minha barba estiver branca como a sua, poder dizer: “Eu não desisti, e a luta continua. Muito obrigado”.

...também não cantarei o mundo futuro...

E eis que poucos dias depois dou (feliz da vida) com a cara no chão. A minha geração, que eu secretamente chamava de “Ainda não foi dessa vez”, levanta-se numa histórica manifestação, simbolicamente contra o aumento da tarifa do ônibus, mas com todo um sentimento de revolta contra o poder público engasgado.

...estou preso à vida e olho meus companheiros...

Há menos de um ano eu estava em Barcelona participando da maior manifestação da história da Catalunha por sua independência da Espanha, e dizia aos catalães que me acompanhavam, em meio a 1,5 milhão de pessoas, todos eles arrepiados, alguns chorando, mas todos gritando “I – INDE – INDEPENDENCIA”,  que meu povo não sabia o que era aquilo, patriotismo não fazia parte de nossa história.

...estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças...

Sinto-me agora, a beira de completar 26 anos, surpreso como nunca,  orgulhosíssimo disso tudo que está acontecendo, e querendo muito acreditar que a geração “Ainda não foi dessa vez” pode se chamar “Sim, pode ser dessa vez”.  Ainda há muito que fazer, há muito que se aprender, mas demos o pontapé inicial.

...Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

2 comentários:

Arthur Pompilio Astrogildo da Silva disse...

Oh Meu Amigo! Acredito que falta muito para eu ter uma esperança... Eu ainda espero o povo entrando nas câmaras e forçando deputados, legisladores, conselhos, assembleias... a mudarem leis, excluírem leis, PROPONDO meios de estabelecer um pais mais justo. Sair pra rua é lindo, mas só isso (fazer passeata)não muda lei, não melhora salários(de coletores de lixo, professores, policiais, bombeiros...) nem cria um sistema de saúde que atenda a todos com excelente qualidade. Bem que eu desconfiava que procissão da igreja não nos fazia menos pecadores.

Pedro disse...

haha, de total acordo. Mas como eu disse: ainda há muito que se fazer, muito que se aprender, mas (acredito) que demos o passo inicial. (Temos de iniciar de alguma forma, né?!) Grande abraço

Seguidores

Quem sou eu

Médico da atenção básica de Sombrio - Santa Catarina. Escreve para o site da prefeitura, neste blog e eventualmente em outro veículos. Estuda filosofia. Toca violão e alguns outros instrumentos, nenhum verdadeiramente bem.